Países correm contra o tempo: por que o hélio-3 na Lua está impulsionando nova corrida espacial?

hélio-3 na Luahélio-3 na Lua

Estamos vivendo neste momento uma nova corrida espacial. Claro que há várias razões para o ser humano querer voltar para a Lua e até mesmo explorar outras luas e planetas ainda não visitados. Aqui, neste artigo do Engenharia 360, vamos revelar uma: o hélio-3. Esse isótopo raro e valioso é a nova obsessão dos cientistas, engenheiros e governos. Isso porque ele poderia ser a chave para um futuro energético limpo e praticamente ilimitado. E sabe onde encontramos este elemento em abundância? Pois é, no nosso satélite natural!

A saber, nos últimos anos, essa busca ganhou nova camada de urgência após o surgimento da startup americana Interlune, que pretende justamente extrair hélio-3 da superfície lunar. Isso acendeu o alerta em governos e empresas privadas que vinham de olho no mesmo objetivo. A pergunta é: por quê?

Por que países querem realizar corrida pelo hélio-3 na Lua?

Antes de tudo, vale esclarecer que o hélio-3 é uma forma leve do gás nobre hélio, composto por dois prótons e apenas um nêutron. Na Terra, ele é bastante difícil de ser encontrado, já que o forte campo magnético do planeta bloqueia a maioria dos ventos solares, que são a fonte desse isótopo. Enquanto isso, na Lua, os ventos solares conseguem depositar quantidades significativas do elemento no regolito lunar (solo da superfície).

hélio-3 na Lua
Imagem reproduzida de Wikipédia
hélio-3 na Lua
Imagem meramente ilustrativa gerada em IA de Qwen

O hélio-3, mais abundante na superfície lunar, teria um grande potencial para ser usado como combustível em reatores de fusão nuclear limpa (aneutrônica), que não gera os subprodutos radioativos típicos da energia nuclear convencional; seu valor estimado seria de 20 milhões de dólares por quilo. Tudo isso significa que esse elemento é um recurso estratégico de alta competitividade no futuro energético global. Entendeu agora por que esse elemento seria tão importante para a ciência? 

hélio-3 na Lua
Imagem meramente ilustrativa gerada em IA de Qwen

Na prática, se a fusão com hélio-3 for dominada, ela poderá abastecer a terra com energia sem emissões de carbono, sem risco de derretimento de reatores e sem lixo radioativo duradouro. Apenas 1 kg seria suficiente para abastecer uma cidade inteira por um ano.

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Imagem meramente ilustrativa gerada em IA de Qwen

O Golfo Pérsico do século XXI

É interessante, mas recentemente um especialista chamado Mark Whittington chamou a Lua de o “Golfo Pérsico do século XXI”. Ele utilizou essa metáfora para destacar como o hélio-3 pode transformar a geopolítica hoje em dia, nesta nova era energética e tecnológica, assim como o petróleo durante o século XX e XXI. Por isso, todos estariam tão interessados em dominar o espaço! Seria uma demonstração clara de poder e liderança.

Se hoje dependemos muito de energia, quem dominar primeiro a Lua nessa nova corrida espacial terá acesso a milhões de toneladas do elemento – possivelmente presas em bolhas microscópicas em rochas – e disparará à frente no setor energético.

Quais os países e empresas lideram a corrida espacial moderna?

Na primeira corrida espacial na década de 1960, Estados Unidos e União Soviética estavam no topo da disputa. Atualmente, temos novos atores se destacando nessa exploração. Para começar, obviamente, a China! Em 2020, o país confirmou a presença do hélio-3 na Lua ao analisar amostras trazidas da missão Chang’e-5. Naquele ano, seus cientistas identificaram as partículas do elemento no mineral Changesite-(Y), encontrado em rochas lunares.

Depois disso, os Estados Unidos ficaram mais preocupados com os avanços internacionais no espaço. Representantes da NASA alertaram que o país poderia ficar para trás na corrida, arriscando ver a China reivindicar áreas estratégicas do satélite natural. Foi aí que ele resolveu acelerar seus planos para o programa Artemis, prevendo a construção de bases para servir como ponto de partida para futuras operações de mineração.

Claro que, segundo o Tratado do Espaço Exterior de 1967, assinado por mais de 100 países, incluindo o Brasil, nenhuma nação pode reivindicar a propriedade da Lua. Então, com base nisso, alguém teria o direito de reivindicar depósitos lunares? A resposta é não! Mas…

hélio-3 na Lua
Imagem meramente ilustrativa gerada em IA de Qwen

Em paralelo a tudo isso, temos o trabalho de empresas privadas, que começam a entrar na disputa, mostrando grande interesse em explorar o espaço com fins comerciais. Um exemplo é a startup Interlune, fundada por ex-executivos da Blue Origin. Ela anunciou recentemente seus planos de realizar uma missão de teste em 2027, com a perspectiva de iniciar a extração comercial do hélio-3 até 2030.

Quais as perspectivas para a exploração do hélio-3 na Lua?

Apesar do otimismo dos cientistas e todos os planos de governos e empresas, voltar à Lua e explorar hélio-3 não será tarefa fácil; há muitas barreiras que precisam ser superadas antes disso. Primeiro, precisamos avaliar se o esforço compensa, considerando a viabilidade tecnológica, os custos de transporte de equipamentos para fora da Terra, e quaisquer conflitos geopolíticos que possam surgir em meio a essa competição.

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Imagem meramente ilustrativa gerada em IA de Qwen

Portanto, o futuro para o domínio da fusão nuclear com o hélio-3 parece incerto! Inclusive, para muitos especialistas, a ideia de produzir energia limpa com o hélio-3 ainda beira a ficção científica. Frank Close, físico teórico de renome, chegou a chamar certa vez a ideia de “moonshine” (ilusão). E você, o que pensa sobre o caso? Deixe a sua opinião na aba de comentários logo abaixo!

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Fontes: Gazeta do Povo, Exame, ESA, UOL.

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