Brasil pode quebrar? Economista alerta para trajetória explosiva da dívida

Apesar do aumento das despesas públicas e da pressão sobre a dívida brasileira, o país não corre risco iminente de calote. A avaliação é do economista e sócio da Acqua Vero Investimentos, Bruno Musa, que em vídeo recente analisou em detalhes a estrutura do balanço de pagamentos do Brasil e a composição da dívida pública, destacando que o risco real está no médio e longo prazo, caso não haja ajuste fiscal.

O Brasil não está nem perto de quebrar no curto ou no médio prazo, mas é urgente corrigir a trajetória da dívida. Os gastos seguem crescendo de forma insustentável”, afirmou Musa.

Brasil: déficit externo aumenta e acende sinal de alerta

Com base nos dados de 2024, Musa destacou que o déficit em transações correntes atingiu US$ 49,4 bilhões, o equivalente a 2,5% do PIB, um aumento expressivo frente aos 1,3% do PIB em 2023. Esse déficit é compensado, por ora, pela entrada de capital estrangeiro – principalmente investimento direto, que somou US$ 71 bilhões.

No entanto, ele alerta que essa composição indica vulnerabilidades. “As contas superavitárias diminuíram e as deficitárias aumentaram. Ainda há apetite por ativos brasileiros, mas o desequilíbrio cresceu”, disse.

Composição da dívida pública agrava o quadro

Um dos pontos centrais da análise de Musa foi o perfil da dívida pública federal. Segundo ele, 47% da dívida está atrelada à Selic, o que a torna altamente sensível aos juros. Com a taxa básica elevada para conter a inflação, o custo da dívida também aumenta.

Outro dado preocupante, segundo o economista, é a queda na participação dos títulos prefixados, que passaram de 26% para 22% da dívida. Já os títulos indexados à inflação caíram de quase 30% para 27%. Isso mostra, segundo Musa, uma preferência do mercado por títulos de curto prazo e maior liquidez, em detrimento de compromissos de longo prazo com o governo.

FMI projeta dívida bruta do Brasil próxima a 100% do PIB

Musa também citou dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), que estima que a dívida bruta brasileira possa atingir 100% do PIB até 2029, caso o ritmo atual de gastos públicos seja mantido. Hoje, a dívida bruta já está em torno de 87% do PIB, acima da média dos países emergentes, que gira em torno de 73%.

Apesar disso, o Brasil ainda conta com reservas internacionais de US$ 366 bilhões e um colchão fiscal de cerca de R$ 880 bilhões para cobrir vencimentos nos próximos anos – fatores que, segundo Musa, garantem a solvência no curto prazo.

Ajustes fiscais são essenciais para evitar colapso futuro

Para Bruno Musa, o grande desafio está na estrutura dos gastos públicos. Ele defende a desindexação de despesas ao salário mínimo, a reformulação dos programas sociais com porta de entrada mais criteriosa e saída efetiva, e o fim da política populista que, segundo ele, mantém os mais pobres à margem do crescimento econômico.

Precisamos de reformas que incentivem a produtividade, e não que perpetuem o assistencialismo. É isso que pode quebrar o país no longo prazo”, afirmou.

Veja o vídeo completo:

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