Servidor público que agrediu jornalista é exonerado, diz prefeitura


José Sobreira de Oliveira Filho, de 43 anos, foi filmado desferindo socos e chutes contra Ronaldo Chaves dos Santos, de 59 anos. Em nota, a prefeitura manifestou repúdio a qualquer forma de violência. Servidor público que agrediu jornalista é exonerado
O servidor público que agrediu um jornalista em frente à Câmara Municipal de Santo Antônio do Descoberto, no Entorno do Distrito Federal, foi exonerado do cargo dois dias após a agressão, segundo a prefeitura da cidade. José Sobreira de Oliveira Filho, de 43 anos, foi filmado desferindo socos e chutes contra Ronaldo Chaves dos Santos, de 59 anos.
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Em nota, a gestão informou que o servidor não havia comparecido ao expediente e manifestou repúdio a qualquer forma de violência (veja o pronunciamento completo ao final do texto). Ao g1, o homem disse que se arrepende do ocorrido e que entende a posição da prefeitura.
“Diante da gravidade do ocorrido, o servidor foi exonerado, e um procedimento administrativo disciplinar será instaurado para apurar sua conduta”, pontuou a nota assinada pela prefeita Jéssica do Premium (UB).
A agressão ocorreu na terça-feira (13) e a exoneração foi divulgada na quinta-feira (15). Em um vídeo publicado nas redes sociais, o jornalista se pronunciou e disse que acredita que o episódio tenha sido motivado devido a sua atuação jornalística na cidade.
Em entrevista ao g1, Ronaldo contou que passou por um exame de corpo e delito no Instituto Médico Legal (IML) de Águas Lindas de Goiás. O comunicador foi ferido no olho e sofreu escoriações nos joelhos e cotovelo.
“Acredito que a exoneração dele aconteceu de forma tardia. E arrisco dizer, se o caso não tivesse repercutido com tanta amplitude, ele ainda estaria trabalhando, pois após as agressões ainda trabalhou dois dias”, ressaltou o jornalista.
Agressão e ameaças
Vídeo mostra jornalista sendo agredido por servidor público em Santo Antônio do Descoberto
No vídeo que circulou nas redes sociais, é possível ver quando José Sobreira surpreende o jornalista com socos em uma rua, em frente a Câmara Municipal da cidade. Após receber tapas e murros, Ronaldo chega a cair em cima de uma moto. A agressão evolui para a tentativa de um mata-leão, até que o homem vai embora.
Em publicação no seu perfil de notícias no Instagram, o comunicador denunciou o ocorrido. “Faltando pouco menos de três meses para completar 60 anos, fui agredido de forma brutal, de forma inesperada. Sem nenhuma chance de defesa. Levei socos, tapas e um mata leão”, destacou.
O servidor ocupava o cargo de Diretor de Audiovisual da Secretaria Municipal de Comunicação, mas não se identificou no momento da agressão.
“O agressor ao me agredir não se identificou e nem falou o motivo da agressão. Não o conhecia. Ainda cheguei a questioná-lo sobre que ele era, ao que respondeu ‘não interessa, você merece apanhar’”, relatou o comunicador.
O caso foi registrado na Polícia Civil. Ao g1, o delegado responsável pelo caso, Marcus Vinicius Berno, destacou que a Polícia Civil irá apurar a denúncia. Segundo ele, “será aberta a investigação e iniciadas as diligências”.
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Motivação
Jornalista denuncia que foi agredido por servidor público, em Goiás
Reprodução/Redes sociais
De acordo com Ronaldo, a motivação das agressões está relacionada à sua atuação no Jornal 14 de maio. “Eu fiz uma matéria denunciando o silêncio dos portais de notícia da cidade, mas que silêncio é esse? Duas crianças foram estupradas dentro de uma escola municipal”, contou.
Após a publicação, o jornalista disse que recebeu mensagens de ameaças do deputado estadual André do Premium (Avante), esposo da prefeita de Santo Antônio do Descoberto.
Em maio, o jornal publicou um texto sobre uma situação na área da saúde, e Ronaldo acredita que tenha incomodado a gestão da cidade. “Fiz uma matéria falando sobre as assinaturas falsas dos prontuários médicos”, mencionou. O jornalista comentou ainda que registrou na polícia as ameaças e a lesão corporal que sofreu.
Ao g1, o parlamentar André do Premium reconheceu que teve “problemas” com o comunicador, mas repudiou os atos de violência sofridos por ele.
Repercussão
Ronaldo contou ao g1 que o registro da agressão foi publicado em um perfil de notícias da cidade, mas que foi excluído. “Quanto à repercussão, acredito que tanto a imprensa como a população assistiram cenas de violência gratuita e sem uma explicação até o momento”, disse.
Em nota, o Sindicato dos Jornalistas de Goiás e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) se pronunciaram sobre o caso e demonstraram solidariedade ao comunicador. “Esperamos das autoridades policiais locais a imediata ação contra o agressor e os mandantes”, ressaltou o texto (leia o pronunciamento completo abaixo).
Nota da Prefeitura de Santo Antônio do Descoberto
A gestão municipal informa que tomou conhecimento de um episódio envolvendo um servidor municipal e um profissional da imprensa local, ocorrido em via pública, durante o período em que o servidor estava escalado para o trabalho, mas não compareceu ao expediente.
O fato, que não guarda qualquer relação com as funções desempenhadas no serviço público, será apurado internamente conforme as normas administrativas, incluindo a ausência do servidor.
Manifestamos total repúdio a qualquer forma de violência, contra qualquer cidadão que seja. Reafirmamos nosso compromisso com o respeito, a civilidade e o diálogo como princípios fundamentais da convivência social.
A gestão municipal não se responsabiliza por atos praticados em ambientes públicos e fora do exercício regular da função pública. Diante da gravidade do ocorrido, o servidor foi exonerado, e um procedimento administrativo disciplinar será instaurado para apurar sua conduta.
Nota de pronunciamento do servidor
Entre 2018 a 2020, fui Secretário de Finanças no município, e o Sr Ronaldo do Santos sempre me coagiu pedindo dinheiro para que ele não publicasse nada a meu respeito, algo que jamais cedi e ainda disse que ele nunca veria um centavo do meu dinheiro. O Sr Ronaldo passou a me difamar pelas redes sociais, me chamando de corrupto, ladrao, e soltando vídeos meus em momentos de vida particular. O que foi me dando nervoso cada vez mais, e por muito tempo ele soltou inverdades sobre mim. Até que ele se mudou pra Goiânia e me deixou em paz. Ontem, dia 13, eu fui trabalhar, porém passei mal, fui pra casa e decidi ir ao hospital para tomar medicamento, quando passei em um evento que estava acontecendo no Campo Gramado, para pedir que um amigo fosse comigo ao hospital, o Sr Ronaldo passou por mim com uma moto e me chamou de “ladrãozinho”, e foi aí que entrei em estado de nervo e fui atrás dele, o vi parado em frente a Câmara e com a cabeça quente desferi tapas no rosto dele.
Me arrependo profundamente pelo ocorrido, jamais quis agredir alguém, sempre respeitei a imprensa, mas ouvir uma pessoa te chamar de “ladrãozinho” e lembrar de tudo o que ele falou ao meu respeito anos atrás, eu perdi o juízo e aconteceu as vias de fato. Mais uma vez digo que arrependo profundamente pelo ocorrido.
Nota do Sindicato dos Jornalistas de Goiás e da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)
O Sindicato dos Jornalistas de Goiás e a FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas – vem se solidarizar com o jornalista RONALDO CHAVES DOS SANTOS que atualmente atua na cidade de Santo Antônio do descoberto, Goiás.
No dia 13 de maio de 2025 o jornalista estava a porta da Câmara Municipal da cidade quando foi agredido de forma covarde pelo senhor José Sobreira de Oliveira Filho, diretor de audiovisual da prefeitura de Santo Antônio do Descoberto. A ação premeditada foi toda filmada e, posteriormente, espalhada nas redes sociais da cidade.
O profissional já vinha sendo ameaçado por pessoas ligadas a prefeita Jéssica do Premiun, esposa do deputado estadual André Gontijo, o André do Premium (Avante) pelas postagens feitas no perfil do veículo “14 de maio”, onde mostra os problemas da gestão desta cidade do entorno do DF. E as ameaças evoluíram agora para agressão física.
Esperamos das autoridades policiais locais a imediata ação contra o agressor e os mandantes. Cobramos que seja instaurado inquérito e que seja feita a justiça.
Goiânia, 14 de maio de 2025.
A Diretoria
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