Unimed-BH entra no jogo dos CVCs com R$ 60M para healthtechs

Frederico Peret, diretor-presidente da Unimed-BH, no novo espaço do Horizontes Hub
Frederico Peret, diretor-presidente da Unimed-BH, no novo espaço do Horizontes Hub (Foto: Divulgação)

A Unimed-BH acaba de dar um passo importante para se aproximar do ecossistema de inovação, com o lançamento da iniciativa de investimento em startups. Criado em parceria com a Abertta Saúde, o projeto prevê um aporte de R$ 60 milhões ao longo dos próximos quatro anos em negócios inovadores na área da saúde, e dois investimentos já foram realizados até o momento.

O braço de investimentos da Unimed-BH integra o Horizontes, hub de inovação aberta sediado em Belo Horizonte que conecta médicos, startups, empresas e universidades com o objetivo de transformar o futuro da saúde. A proposta é investir em startups que desenvolvem soluções em áreas como saúde mental, bem-estar, atenção primária, medicina preventiva, experiência do paciente, saúde corporativa, gestão de doenças crônicas, automação de prontuários, educação médica e otimização da gestão em operadoras, hospitais e clínicas.

A Unimed-BH ainda não lançou um fundo oficial para investimentos em startups e não divulgou detalhes sobre o modelo adotado em sua estratégia de CVC. No entanto, segundo Frederico Peret, diretor-presidente da cooperativa, a definição já está em andamento e será anunciada em breve: “A criação do modelo está em curso e, em breve, será anunciada”, afirmou ao Startups.

Ele revela que a parceria entre o Horizontes Hub e a Abertta Saúde foi formalizada no dia 14 de maio, com a assinatura de um acordo voltado à conclusão do modelo de investimento e à prospecção de novos parceiros. A Abertta Saúde é uma associação que oferece assistência à saúde aos empregados das empresas do Grupo ArcelorMittal no Brasil e seus dependentes.

“Há 10 anos, quando a Unimed-BH criou seu Centro de Inovação, que por muito tempo se manteve como um dos únicos do país, foi dado um sinal claro do quanto acreditamos na inovação aberta e colaborativa como ferramenta para acelerar o ritmo de criação e desenvolvimento de soluções para a saúde”, destaca Frederico.

De acordo com o executivo, a proposta é, com o Horizontes Hub, ampliar o alcance deste movimento, criando mais oportunidades para que a inovação aberta gere soluções e novos negócios. “Ao longo dos anos, a Unimed-BH tem fortalecido a sua estratégia de investimentos e esta parceria com a Abertta Saúde é mais um avanço que reforça a nossa essência inovadora. Agora, passamos a diversificar ainda mais as nossas frentes de atuação. A proposta aqui é unir forças com atores estratégicos para que, juntos, possamos superar os desafios complexos do segmento de saúde brasileiro”, pontua.

Construindo o portfólio

A previsão atual é investir entre sete e oito startups ao longo dos próximos quatro anos. No entanto, Frederico ressalta que esse número pode variar, já que se trata de uma estimativa sujeita a ajustes conforme o contexto evolua. As primeiras investidas do hub são a SOI, plataforma que usa tecnologia para tornar tratamentos oncológicos mais seguros e precisos; e a Dr.Scriba, que aplica IA para simplificar o registro clínico de atendimentos médicos.

A Dr.Scriba captou cerca de R$ 1 milhão, sendo R$ 500 mil provenientes da Unimed-BH e o restante de investidores-anjo. Segundo Bruno Camis, cofundador da startup, os recursos serão destinados ao aprimoramento do produto e às estratégias de crescimento. “Estamos entrando no modelo B2B, passando a atender não só o profissional autônomo, mas também clínicas e hospitais”, afirma, em entrevista ao Startups.

Fundada em 2023, por Bruno e Danilo Dias, a healthtech tem a missão de facilitar a vida do profissional de saúde, automatizando documentações clínicas com ética, segurança e eficiência. Para Danilo, o diferencial da Dr.Scriba está no uso e na análise de dados, que permite à plataforma oferecer maior acurácia e precisão na anamnese.

“Diversos modelos de IA utilizam LLMs genéricos, e não voltados especificamente para o mercado de saúde. Como resultado, correm o risco de errar nomes de medicamentos, doenças e sintomas. A Dr.Scriba está aprimorando sua tecnologia com foco neste setor, oferecendo uma entrega de documentação mais assertiva”, explica.

Com o apoio da Unimed-BH e do Eretz.bio, hub de startups do Hospital Israelita Albert Einstein, onde a Dr.Scriba é incubada, a healthtech amplia o contato com potenciais clientes e parceiros, fortalecendo a coleta de dados necessária para a evolução contínua da plataforma. “Com a chancela desses grandes players, conseguimos passar uma confiança maior do que os outros que estão concorrendo com a gente”, avalia Danilo.

Para Bruno, o principal desafio ainda é educar os médicos de que o uso de IA pode auxiliá-los, e não ocupar o lugar deles “Estamos fazendo um trabalho ativo para mostrar aos profissionais de saúde que essas soluções permitem otimizar o tempo e entregar mais resultados”, pontua. Segundo o executivo, o setor tem avançado gradualmente na compreensão de que a tecnologia deve ser vista como uma aliada, e não como uma substituta. “Nossa visão de futuro é justamente ser aliado dos médicos e ajudá-los a aumentar a qualidade da saúde no Brasil”, finaliza.

Já a SOI desenvolveu uma plataforma de gestão em oncologia voltada ao sistema de saúde brasileiro. A startup criou uma tecnologia própria com foco em oferecer o melhor tratamento ao paciente, seguindo a tríade eficácia, tolerância e custo. Como suporte, a healthtech conta com um time de especialistas dedicados a entender as particularidades do sistema e, a partir dos dados gerados, propor estratégias mais assertivas para a tomada de decisão.

Rascunhos de um CVC nacional

Em entrevista ao Startups em dezembro de 2024, o superintendente de tecnologia e inovação da Unimed do Brasil, Mauricio Cerri, explicou que as cooperativas da rede operam de forma independente – e, por isso, algumas já contam com estratégias próprias de Corporate Venture Capital (CVC). Em nível nacional, no entanto, o modelo ainda está em desenvolvimento, com avanços significativos previstos para 2025.

“Algumas Unimeds realizam investimentos individuais em startups, inclusive por meio de seus fundos específicos. Agora, estamos estudando a possibilidade de criar um fundo nacional para estruturar esses aportes”, afirmou o executivo.

Na ocasião, Cerri revelou que a companhia avaliava duas teses de investimento. “Pensamos em um formato mais tradicional, em que a Unimed do Brasil faça investimentos minoritários e potencialize o crescimento das empresas. Também consideramos abrir o cap table para que os médicos cooperados possam investir como pessoa física e obter retorno financeiro”, disse. A expectativa era começar a estruturar o CVC nacional a partir de meados de 2025.

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