Delegados da Polícia Civil em São Paulo têm a 2ª pior remuneração entre todos os estados do Brasil, aponta estudo


No ranking de remuneração dos delegados de classe especial, São Paulo ocupa a 26ª posição de 27 possíveis, com salário de R$ 18.093,57, ficando à frente apenas da Bahia. Parecer encomendado por associação de delegados propõe equiparação com outras carreiras do estado. Polícia Civil em São Paulo (SP)
Reprodução/Polícia Civil São Paulo
Um estudo encomendado pela Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP) aponta que a remuneração final da carreira dos delegados de classe especial no estado é a segunda menor do Brasil, de acordo com dados de abril deste ano.
A estrutura salarial é composta por vencimento base, gratificações e adicionais, mas ainda assim coloca a categoria paulista em desvantagem em comparação com outras regiões do país. Atualmente, a carreira é dividida em quatro classes: Terceira, Segunda, Primeira e Especial.
O salário inicial dos delegados da Terceira Classe é de R$ 15.037,99, enquanto o da classe especial é de R$ 18.093,57. Esses foram os valores considerados no ranking nacional de remuneração (veja tabela abaixo).
A Secretaria da Segurança Pública afirmou, por meio de nota, que propôs reajuste salarial dos policiais civis no início do mês que supera a inflação. (veja nota completa abaixo)
No ranking da classe mais elevada, São Paulo ocupa a 26ª posição (R$ 18.093,57), ficando à frente apenas da Bahia (R$ 13.026,03);
As maiores remunerações são do Mato Grosso do Sul (R$ 42.994,28), Mato Grosso (R$ 42.471,66) e Paraná (R$ 41.845,48);
Em relação à remuneração inicial do delegado de terceira classe, São Paulo fica na 23ª posição (R$ 15.037,99), à frente de Sergipe (R$ 13,6 mil), Pernambuco (R$ 13,5 mil), Paraíba (R$ 13,3 mil) e Bahia (R$ 8,7 mil);
Os maiores valores estão no Mato Grosso (R$ 30,9 mil), Santa Catarina (R$ 27,7 mil) e Mato Grosso do Sul (R$ 27,5 mil).
Ranking de remuneração – delegado classe especial
Ranking por remuneração final – delegados da Polícia Civil em SP
Reprodução/ADPESP
O estudo ressalta que 18 estados já oferecem, no ingresso da carreira de delegado, remuneração maior do que a oferecida à classe especial em São Paulo.
O parecer considera essa situação um “alerta urgente sobre os efeitos deletérios dessa defasagem na capacidade de retenção de quadros qualificados, na atratividade dos concursos públicos e na sustentabilidade da política de segurança pública no território paulista”.
Os delegados do estado mais rico da federação são os mais desvalorizados. Com um salário melhor, há a retenção de talentos. No último concurso da Polícia Civil, 353 delegados ingressaram na academia de polícia e apenas 310 saíram formados. Temos um universo alto de delegados que pediram exoneração para exercerem a profissão em outras polícias ou em outras instituições que melhor remuneram
Comparação com outras carreiras jurídicas em SP
O estudo aponta que a disparidade salarial se acentua em comparação com outras carreiras jurídicas em São Paulo. Um dos maiores contrastes, segundo o documento, é com o Ministério Público e a Magistratura.
O subsídio inicial de um promotor de Justiça substituto ou de um juiz substituto é de R$ 34.083,14, valor quase o dobro da remuneração final de um delegado de Polícia Civil paulista (R$ 18.093,57).
“Embora submetidos a exigências igualmente rigorosas – como formação em Direito, comprovação de prática jurídica e aprovação em concurso público de alta complexidade, – [os delegados] encontram-se em posição remuneratória significativamente inferior”, afirma o texto.
Para promover uma recomposição salarial, o parecer sugere a adoção do regime de subsídio para os delegados de Polícia Civil em São Paulo — pagamento de uma parcela única que concentraria todas as verbas remuneratórias, como vencimento base, adicionais por tempo de serviço e insalubridade
O estudo propõe que a parcela única do subsídio para a classe especial seja fixada em um valor menor (R$ 30,3 mil), mas equivalente ao teto remuneratório do Executivo estadual, que é o salário do governador (R$ 34.572,89).
Polícia Civil de SP entre as mais mal pagas
As remunerações de policiais civis e policiais penais no estado de São Paulo estão entre as mais baixas do Brasil, apontou o ‘Raio-X dos profissionais de segurança pública’, estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgado no ano passado.
Segundo a pesquisa, o salário bruto médio de um policial civil no Brasil estava em R$ 13.342,36, considerando as carreiras de escrivão, investigador e delegado.
Em 2023, a remuneração média nacional de um investigador foi de R$ 11.704,41;
Em São Paulo, investigadores receberam R$ 9.830,92 por mês, em média (o 7º pior salário do Brasil);
Valor menor do que foi pago, por exemplo, no Acre (R$ 9.890,39), em Minas Gerais (R$ 10.110,94) e no Rio Grande do Norte (R$ 10.353,97);
Investigadores do Amazonas (R$ 21.831,49) receberam R$ 12 mil a mais do que os paulistas;
A menor remuneração foi encontrada no Paraná (R$ 8.947,74).
O que diz a Secretaria da Segurança Pública
“A atual gestão está empenhada na valorização das forças de segurança e na melhoria das condições de trabalho dos policiais. Com o reajuste salarial proposto no início do mês, o aumento acumulado nos vencimentos dos policiais civis é de 25,2% em média total, superando a inflação de 15,10% registrada nos últimos três anos, conforme o INPC.
Além disso, a gestão implementou a jornada diferenciada para gestantes e lactantes, e tem investido consideravelmente em infraestrutura e em equipamentos para as forças de segurança. Somente para a Polícia Civil, foram aplicados mais de R$ 227 milhões em viaturas, armamentos e na modernização de 43 unidades policiais.
A SSP também promoveu a maior contratação de policiais dos últimos 14 anos, com a incorporação de mais de 9,1 mil novos agentes, sendo 3,4 mil deles destinados à Polícia Civil e distribuídos por unidades de todo o Estado. Outras 3,1 mil vagas serão preenchidas por meio do concurso em andamento.”
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