Jamie Dimon: preços na Bolsa não refletem a piora do cenário

Jamie Dimon, o CEO do JP Morgan, disse ontem que os preços atuais nos mercados de ações e de crédito são otimistas demais e não precificam a piora de cenário que ocorreu nos últimos meses.

Em um momento de déficits recordes nos EUA, tarifas e tensões geopolíticas, os investidores estão sendo complacentes ao não precificar os riscos de uma inflação mais alta ou de um cenário de estagflação, o executivo disse durante o investor day do banco em Nova York.

“Minha opinião é que as pessoas não conhecem os efeitos das tarifas, por isso não parecem tão preocupadas,” disse Dimon. “O mercado caiu 10% e voltou a subir 10%. Isso é uma complacência extraordinária.”

Mesmo em níveis mais baixos, as tarifas permanecem “bastante extremas”, disse Dimon, acrescentando que não está claro como os outros países responderão e que levará tempo para os EUA acelerarem a produção.

Dado este quadro, Dimon acha que as estimativas de lucro das empresas do S&P 500 – que já caíram após o anúncio das tarifas pelo Governo Trump – vão ceder ainda mais com resultados ou guidances enfraquecidos.

“Como acredito que as estimativas de lucros cairão, isso significa que a relação preço/lucro cairá,” disse.

Segundo Dimon, as projeções de crescimento de lucro do S&P, que começaram o ano em cerca de 12%, devem recuar a 0% nos próximos seis meses. 

Os spreads de crédito também preocupam o banqueiro, pois não estariam levando em conta os impactos de uma potencial recessão.

“O crédito hoje é um mau risco,” disse. “As pessoas que nunca passaram por uma grande recessão estão perdendo a noção do que pode acontecer.”

Os comentários do executivo ocorreram após o rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela Moody’s devido a preocupações com o crescimento da dívida do governo e em meio a negociações tarifárias.

Em termos de JP Morgan, no entanto, Dimon espera resiliência. O banco manteve seu guidance de US$ 94,5 bilhões de net interest income para 2025.

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