Brasileiros criam embalagem inteligente que muda de cor ao detectar peixe estragado

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Você já deve ter ficado em dúvida ao comprar peixe na feira ou no supermercado, se perguntando se ele está realmente fresco. Quando o produto vem embalado, fica ainda mais difícil sentir o cheiro e saber se está próprio para consumo. Agora imagine se a própria embalagem pudesse avisar quando o peixe começa a se deteriorar. Parece coisa de filme, mas é uma tecnologia inovadora criada por cientistas brasileiros. A gente te conta tudo no artigo a seguir, do Engenharia 360!

embalagem de alimentos
Imagem gerada em IA de Gemini

A inovação proposta pelos pesquisadores brasileiros

Pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) desenvolveram, em parceria com a Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, um material inteligente capaz de monitorar a qualidade dos alimentos, especialmente peixes e frutos-do-mar. Esses itens alimentícios são especialmente delicados, altamente perecíveis e suscetíveis a deterioração rápida. Por isso, diante de qualquer suspeita, acabam sendo descartados. O problema é que vivemos um cenário de insegurança alimentar crescente, e esse tipo de desperdício só torna ainda mais difícil o enfrentamento da fome no mundo.

Mas toda essa história pode ter uma reviravolta em breve com o lançamento de uma nova embalagem inteligente. O mais impressionante é que o ingrediente-chave dessa inovação é algo extremamente simples, oriundo do já conhecido repolho roxo.

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Imagem gerada em IA de Gemini

O funcionamento da embalagem “mágica” da Embrapa

O mercado está impressionado com essa inovação apresentada pelos pesquisadores brasileiros. E eles explicam que sua “mágica” está baseada nas antocianinas, que são pigmentos naturais encontrados em vegetais de cores vivas – é aí que entra o repolho roxo. Tais substâncias têm uma propriedade química fascinante: elas mudam de cor conforme o pH (nível de acidez) do ambiente ao redor varia.

Em outras palavras, à medida que o peixe embalado começa a se deteriorar, ocorre uma mudança na acidez, o que provoca a alteração da cor do pigmento aplicado na embalagem, sinalizando que o alimento não está mais próprio para consumo.

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Imagem divulgação Embrapa via G1

A saber, o material recém-desenvolvido poderia detectar não só acidez, mas também compostos voláteis liberados durante a deterioração e o crescimento bacteriano.

O tecido inteligente que monitora alimentos

Durante experimentos, os cientistas utilizaram antocianinas para desenvolver um material flexível, com estruturas ultrafinas que lembram tecidos delicados, como o algodão. Esse material foi então incorporado às camadas internas e externas de embalagens de alimentos. O resultado? Assim que o alimento começou a se deteriorar, as embalagens reagiram instantaneamente, mudando de cor e indicando a perda de qualidade dos produtos.

A saber, os testes laboratoriais foram realizados com filés de merluza para verificar a eficácia da embalagem. O resultado foi impressionante:

  • No início (peixe fresco): A embalagem apresentava uma cor roxa vibrante.
  • Após 24 horas: A cor começou a perder intensidade.
  • Após 48 horas: Surgiram tons azulados e acinzentados.
  • Após 72 horas: A embalagem ficou azul, sinalizando claramente que o peixe estava estragado.

Fiação por sopro em solução

Vale destacar que as mantas de nanofibras manuseadas pelos cientistas foram fabricadas através da técnica de fiação por sopro em solução (Solution Blow Spinning), utilizando um gás comprimido para formar as fibras ultrafinas.

O método realmente se mostrou mais rápido em comparação com outros convencionais. Também econômico, consumindo menos energia. Acredita-se que ele permita a produção em larga escala; e ainda possa aproveitar restos de alimentos como matéria-prima, ajudando a reduzir o desperdício, tornando o processo mais sustentável.

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Imagem divulgação Embrapa via Meio News

Vantagens da solução para a engenharia e indústria alimentícia

A tecnologia desenvolvida por pesquisadores brasileiros em parceria com a Universidade de Illinois pode oferecer muitos benefícios para a engenharia e a indústria alimentícia. Recapitulando:

  • Segurança alimentar: Evita intoxicações alimentares ao proteger contra o consumo de alimentos estragados.
  • Redução do desperdício: Permite identificar com precisão o estado dos alimentos, evitando descartes prematuros.
  • Engenharia e indústria alimentícia: Integração de tecnologias que reduzem perdas, garantem qualidade e facilitam a verificação do frescor.
  • Sustentabilidade: Utilização de materiais biodegradáveis e reaproveitamento de resíduos, reduzindo o consumo de plásticos convencionais.
  • Produção eficiente: Método de fabricação econômico e sustentável, com potencial para transformar o mercado e a vida do consumidor.

As possibilidades de introdução da tecnologia no mercado

Apesar dos resultados promissores, parece que a embalagem descrita neste texto ainda não tem previsão para chegar ao mercado. Mas os pesquisadores estão bastante animados, conscientes de que ainda precisam conduzir vários estudos para garantir que a tecnologia funcione com outros tipos de alimentos além de peixes e frutos-do-mar – já que cada um apresenta características químicas diferentes. 

Existe também o desafio da durabilidade da embalagem durante o transporte e armazenamento industrial, bem como a interação com diferentes temperaturas e condições climáticas. Além disso, é preciso avaliar a segurança da regulamentação para uso em contato com alimentos. E para completar, desenvolver parcerias com a indústria para produção e distribuição em larga escala.

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Fontes: G1.

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