Grupo Werthein compra a Zaaz para crescer em banda larga

O Grupo Werthein — um conglomerado argentino com negócios do agro ao real estate — acaba de adquirir a Zaaz, uma operadora independente de banda larga fixa com mais de 180 mil clientes no interior de São Paulo e do Paraná.

O preço não foi revelado, mas estima-se que foi na casa de centenas de milhões de reais.

O grupo argentino já é dono da Sky, no Brasil, e da Directv, que atua em diferentes países da América Latina. A Sky atende 2,4 milhões de clientes com seus serviços de TV por satélite, além de atender 77 mil clientes com o Sky Fibra, um serviço de banda larga que opera majoritariamente no modelo de rede neutra (alugando a infraestrutura de outros players como a V.tal).

A compra da Zaaz parece ser parte de uma estratégia do Werthein de passar a ter fibra própria e cross-sell o conteúdo da Sky para os clientes do ISP.

Hoje, para crescer no modelo de rede neutra, o grupo tem que investir pesado em marketing para atrair os clientes que já são atendidos por outras operadoras. Por exemplo: nas regiões onde a V.tal tem a infraestrutura, os clientes costumam ser da Oi; quando a rede é da I-Systems, os clientes costumam ser da TIM Brasil.

A transação vem num momento em que o mercado brasileiro de fibra óptica passa por um desaquecimento depois do boom de M&As e IPOs de ISPs que aconteceu entre 2021 e 2023, e que listou empresas como Unifique, Desktop e Brisanet na Bolsa.

Naquele período, fundos de private equity apostaram na tese de consolidação, fazendo inúmeras aquisições e construindo a infraestrutura de fibra em diversas cidades. 

“Hoje não tem mais para onde construir: só sobraram as cidades que não são financeiramente viáveis,” disse uma fonte do setor. “Já os M&As, que são a única forma que as empresas têm de crescer, não estão acontecendo com tanta frequência por um descasamento entre a expectativa dos compradores e dos vendedores.”

Apesar da alta dos juros e do desaquecimento do mercado, muitas empresas do setor ainda estão ancoradas nos múltiplos da época do boom, o que tem dificultado as operações. 

Para se ter uma ideia, no IPO da Unifique e da Desktop as duas empresas saíram a múltiplos de cerca de 10x EBITDA. Hoje, as ações das duas empresas negociam entre 3x e 4x EBITDA. 

Apesar do cenário mais difícil, o Grupo Wertheim não é o único fazendo aquisições.

Há algumas semanas, a Brasil TecPar, uma empresa investida da gestora Macquarie, pagou R$ 335 milhões por 55% da ALLREDE, uma operadora com 215 mil clientes no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais.

Em outubro, a Alares, investida da Grain Management, comprou a Azza por R$ 188 milhões. A Azza tem 136 mil clientes em 48 cidades. 

O BTG Pactual foi o assessor financeiro da Zaaz. 

A BR Partners assessorou o Grupo Wertheim.

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