‘El Monstruo’: sicário líder de facção do Peru estaria escondido em SP, sob proteção do PCC

Líder de facção do Peru, Erick Moreno Hernández, conhecido como El Monstruo, está escondido em São Paulo

Líder de facção do Peru, Erick Moreno Hernández, conhecido como El Monstruo, está escondido em São Paulo – Foto: Divulgação/ND

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPSP (Ministério Público) e a Polícia Militar de São Paulo realizaram uma operação nesta segunda-feira (26) para fechar o cerco ao líder de uma facção criminosa do Peru que estaria escondido em São Paulo sob proteção do PCC (Primeiro Comando da Capital).

O suspeito é Erick Moreno Hernández, conhecido como El Monstruo. A reportagem não obteve contato com a defesa de Hernández.

Procura por aliado do PCC

Foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão contra supostos envolvidos com a organização na capital, em endereços da zona leste, e em municípios da região do Alto Tietê, na Grande São Paulo.

Segundo o MP, o foco são criminosos peruanos ligados a El Monstruo. Durante as buscas, foram apreendidos notebooks e celulares, cujo conteúdo será analisado. Uma pessoa foi presa em flagrante por tráfico de drogas.

A investigação ao líder de facção do Peru teve início após o cumprimento de mandados de prisão da Interpol, a polícia internacional, e a identificação de faccionados estrangeiros no país. Foram mobilizados 160 policiais de Batalhões de Choque da PM para cumprir os mandados expedidos pela Justiça.

Mandados de prisão da Interpol foram cumpridos

Mandados de prisão da Interpol foram cumpridos contra líder de facção do Peru – Foto: Divulgação/Agência Brasil

De acordo com o promotor Yuri Fisberg, do Gaeco de São Paulo, o foco da operação foi fechar o cerco em torno do El Monstruo, líder de facção do Peru.

“São sicários de lá (Peru), escondidos aqui, acobertados por alguns contatos com o PCC e diversificando em invasões, furtos, roubos e tráfico. Todos os alvos hoje eram associados ao líder”, disse.

Segundo a investigação do MP, El Monstruo está condenado a 32 anos de prisão e se tornou um dos criminosos mais procurados do Peru. Ele responde por crimes como sequestros, homicídios, tráfico de drogas e extorsão.

Entre os crimes atribuídos à sua quadrilha estão o sequestro de uma adolescente, mantida em cativeiro por cinco dias, e o arrebatamento da empresária Jackeline Salazar, que conseguiu escapar após três dias no cárcere.

Aliado do PCC escapou de cerco em Suzano

Líder de facção do Peru, El Monstruo teria entrado no Brasil após atravessar a fronteira, em 2024, se estabelecendo em São Paulo, com a proteção do PCC. Em abril deste ano, Hernández escapou de um cerco policial em Suzano, na Grande São Paulo, durante uma grande operação para prendê-lo.

Houve troca de tiros que terminou com a morte de dois seguranças do criminoso e do sargento da Polícia Militar Rafael Villodres, do Batalhão de Choque. Outro policial ficou ferido.

A operação desta segunda-feira, batizada de Sicários (pessoa sanguinária), é parte de um esforço das autoridades brasileiras para combater as facções criminosas com conexões internacionais.

O combate às organizações que atuam nas fronteiras fez com que as facções se infiltrassem no interior do país para continuar e expandir as atividades criminosas, especialmente o tráfico de drogas.

No último dia 7, a polícia prendeu na zona leste de São Paulo o chefão do PCC no Acre, Paulo Roberto Estevam de Carvalho, o Paulo Baladeira, apontado como o principal articulador do tráfico de cocaína na tríplice fronteira do Brasil com o Peru e a Bolívia.

Chefão do PCC no Acre, Paulo Baladeira, foi preso na zona leste de São Paulo

Chefão do PCC no Acre, Paulo Baladeira, foi preso na zona leste de São Paulo – Foto: Divulgação/Policia Civil do Acre/ND

Condenado a 21 anos de prisão, ele foi localizado por agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais no Jardim das Camélias, zona leste da capital.

Relatório de inteligência da polícia ao qual o Estadão teve acesso indica que Paulo Baladeira é liderança do PCC com atuação comprovada em município do Acre na fronteira com os dois países vizinhos.

Mesmo escondido em São Paulo, Baladeira continuou comandando operações criminosas à distância, incluindo a autorização para eliminar membros de facções rivais na região fronteiriça do Peru e da Bolívia. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Baladeira.

O Peru é o segundo maior produtor de cocaína do mundo, conforme o IGC (Índice Global de Crime Organizado), organização internacional com sede em Genebra, na Suíça.

O país tem enfrentado ondas recentes de assassinatos, extorsões e ataques a locais públicos devido à disputa entre as facções locais que atuam no tráfico de drogas, muitas vezes em conluio com autoridades públicas e parceiros estrangeiros.

Essas redes incluem policiais e agentes de migração que trabalham em bases de controle nas fronteiras e facilitam as atividades suspeitas.

*Com informações de Estadão Conteúdo

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