Dólar em queda pode valorizar B3, mas cenário exige cautela, diz analista

A recente queda do dólar frente a outras moedas globais tem reacendido o otimismo sobre a atratividade dos ativos brasileiros. Para o especialista em análise macro Fabio Fares, esse movimento pode, sim, impulsionar a Bolsa brasileira, principalmente por tornar os múltiplos das ações ainda mais atrativos para o investidor estrangeiro. No entanto, ele alerta: o cenário exige cautela e realismo.

O mercado brasileiro é barato — sempre foi. Quando você converte os múltiplos em dólar, eles ficam ainda mais baixos. Isso oferece uma margem de segurança interessante para o investidor estrangeiro”, disse Fares em entrevista à BM&C News.

Segundo ele, a combinação entre ativos descontados e um câmbio potencialmente favorável pode beneficiar o Brasil no curto prazo. “Com a desvalorização do dólar, o real tende a se fortalecer, e isso melhora o apetite por ativos locais”, explicou.

Queda de 1% no dólar pode gerar alta de 4% no EWZ

Fares lembra que alguns estudos de correlação, como os usados por bancos internacionais, indicam que uma queda de 1% no dólar pode levar a uma alta de até 4% no ETF EWZ, que replica a Bolsa brasileira no exterior. O Morgan Stanley, por exemplo, já apontou que um movimento de desvalorização de 9% no dólar teria grande potencial de impulsionar o mercado local.

Contudo, ele pondera que, apesar da empolgação de parte do mercado, é preciso reconhecer os limites desse movimento. “A gente tem sempre esse cheiro de voo de galinha. Hoje, o otimismo é baseado em projeções para as eleições de 2026. Mas no Brasil, longo prazo é dois meses”, ironiza o analista.

Real valorizado em relação ao dólar tem fundamentos, mas riscos persistem

Segundo Fares, há fundamentos econômicos que justificam um real mais forte, especialmente diante de um dólar globalmente mais fraco. “O real deveria estar mais próximo de 5 reais do que dos 5,60 que estamos vendo atualmente. Os fundamentos internos não sustentam esse nível de câmbio tão depreciado”, avaliou.

Porém, ele chama atenção para a cautela: caso a economia dos Estados Unidos desacelere fortemente e obrigue o Fed a cortar juros, o dólar pode voltar a ganhar força. “Nesse cenário, o fluxo pode migrar novamente para a Bolsa americana, limitando os ganhos do Brasil”, afirmou.

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