Queda na popularidade de Lula expõe fragilidade política do governo, diz analista

As mais recentes pesquisas de opinião pública revelam um cenário cada vez mais adverso para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dados divulgados por quatro institutos — Genial/Quaest, PoderData, AtlasIntel e Gerp — apontam desaprovação crescente e queda acentuada da popularidade do governo, tanto entre o eleitorado tradicional do presidente quanto entre grupos moderados que o apoiaram em 2022.

Na pesquisa Genial/Quaest, divulgada em 4 de junho, 57% dos entrevistados disseram desaprovar o governo Lula, o maior índice desde o início do mandato. A aprovação caiu para 40%, enquanto 43% classificam a gestão como ruim ou péssima. Apenas 26% avaliam o governo como ótimo ou bom.

A PoderData, em levantamento divulgado em 3 de junho, mostra resultados semelhantes: 56% desaprovam Lula, contra 39% que aprovam. A avaliação negativa chega a 44%, e a positiva, a 20%. A pesquisa ainda destaca um percentual de 32% que consideram o governo regular.

Já a AtlasIntel, em sua pesquisa de 30 de maio, registrou 53,7% de desaprovação, com 45,4% de aprovação. O instituto destacou que o número representa uma alta de 3,6 pontos percentuais em relação a abril, indicando uma deterioração contínua na percepção pública.

A pesquisa Gerp, também divulgada em 3 de junho, apresenta o pior cenário para o governo. Segundo o levantamento, 61% desaprovam o presidente, contra apenas 35% de aprovação. É o maior índice de desaprovação entre os quatro estudos analisados.

Para o analista político Anderson Nunes, o problema vai muito além da comunicação — trata-se de uma combinação de percepção negativa da economia real, fragilidade institucional e erros de estratégia política.

Queda da aprovação do governo entre os mais pobres preocupa Planalto

O dado que mais chama atenção entre os analistas políticos é a queda expressiva na popularidade de Lula entre os brasileiros de menor renda, justamente o público que historicamente sustentou sua base eleitoral. Na pesquisa Genial/Quaest, o índice de desaprovação entre quem ganha até dois salários mínimos ultrapassa 50%.

Analistas também observam que o governo não conseguiu consolidar o apoio de eleitores moderados da classe média que optaram por Lula em 2022 diante da rejeição ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O governo prometia ser uma coalizão ampla, mas, até o momento, enfrenta críticas por falta de entregas concretas e uma agenda pouco propositiva.

Popularidade do governo Lula e a economia

Mesmo com indicadores macroeconômicos positivos, como o crescimento de 1,4% do PIB no primeiro trimestre, a sensação da população é de empobrecimento. “O brasileiro sente que seu poder aquisitivo está encolhendo. Um carro popular que custava R$ 45 mil em 2019 hoje custa quase R$ 95 mil. Isso anula qualquer dado positivo de PIB na percepção da classe média”, afirma Nunes.

IOF e imagem de Lula em fragilidade

A crise recente em torno da cobrança do IOF sobre investimentos também contribuiu para o desgaste. Segundo pesquisa do Poder360, 50% da população desaprova a medida. Para Anderson Nunes, o impacto foi direto na imagem do governo, tanto pela proposta quanto pelo recuo parcial diante da pressão.

Quando o governo decidiu voltar atrás, mesmo que parcialmente, passou a imagem de fraqueza. A população tem medo do aumento da carga tributária, e o recuo reforçou a ideia de que o Planalto não tem firmeza nem clareza em suas decisões”, avalia o analista.

Na visão de Nunes, a forma como o governo lida com esse tipo de medida transmite total fragilidade institucional. “Isso afeta a relação com o Congresso. Ao perceber fraqueza, os parlamentares tendem a ‘cobrar mais caro’ para aprovar qualquer projeto”, pontua.

Governo fala só para sua base

Questionado sobre que tipo de estratégia poderia conter a queda da aprovação, Nunes alerta que o tempo é inimigo do Planalto. “O governo precisa parar de falar apenas com sua base ideológica e começar a dialogar com a classe média, com os moderados, com quem votou por exclusão em 2022”, diz. Ele destaca que a agenda atual parece restrita à manutenção de apoio simbólico, sem propostas concretas que gerem mobilização ampla da sociedade.

Risco de isolamento político do governo Lula

A sequência de derrotas de imagem e a dificuldade em articular pautas relevantes no Congresso já têm impacto prático. Para Anderson Nunes, o governo corre o risco de perder apoio do Centrão, o que poderia comprometer sua governabilidade nos próximos anos.

A tendência é de um desembarque gradual de partidos de centro. Isso deixaria o governo isolado e sem musculatura para chegar competitivo a 2026”, afirma. Com isso, o Planalto não apenas perde capacidade de aprovação de projetos, como também fragiliza a sustentação de Lula num eventual cenário de reeleição.

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