Mauro Cid diz que Braga Netto deu dinheiro vivo para bancar protestos em quartéis

Mauro Cid

Na foto, Braga Netto e Mauro Cid – Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Gustavo Moreno/STF

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou nesta segunda-feira (9) que o general Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL), entregou dinheiro vivo para financiar manifestações em frente a quartéis do Exército após as eleições de 2022.

Segundo Cid, o recurso foi repassado dentro de uma sacola de vinho e destinado ao major Rafael de Oliveira, que teria procurado o ex-ajudante de ordens dizendo estar “precisando de dinheiro, precisando de recurso para alguma coisa”.

Inicialmente, Cid disse ter buscado apoio do PL (Partido Liberal), mas ouviu do tesoureiro que o partido “não poderia bancar aquilo ali”. Após a negativa, Braga Netto decidiu por entregar diretamente o valor em dinheiro vivo.

“O general Braga Netto trouxe uma quantia em dinheiro, que eu também não sei precisar quanto foi, mas com certeza não eram os R$ 100 mil, porque, pelo volume, não parecia tanto. Devia ser menos. E essa quantia foi entregue ao major de Oliveira, no próprio Alvorada”, detalhou Cid.

O general Braga Netto participa da audiência por videoconferência, pois está preso no Rio de Janeiro.

Veja o momento em que Mauro Cid faz a declaração:


Braga Netto entregou dinheiro vivo para atos em quartéis, diz Mauro Cid – Vídeo: TV Justiça/Reprodução/ND

Ainda de acordo com o tenente-coronel, o dinheiro pode ter vindo de empresários ligados ao agronegócio, que, segundo ele, estavam ajudando a manter os acampamentos em frente a quartéis pelo país. As informações são do R7.

O interrogatório de Mauro Cid foi o primeiro dos oito previstos para esta semana no STF, dentro do processo que investiga uma tentativa de golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro nas eleições. O ex-presidente deve ser ouvido entre quarta (12) e quinta-feira (13).

Aposta em fraude ou pressão popular

Segundo Cid, Jair Bolsonaro (PL) estava convencido de que encontraria uma fraude nas eleições de 2022, o que não se confirmou.

“Sempre se teve a ideia de que pudesse, até o final do mandato, aparecer uma fraude real nas urnas. Tanto que em todas as minhas mensagens, que foram abertas como parte da investigação, eu falo que não foi encontrada fraude, que tudo ficou no campo da estatística”, disse.

Mauro Cid durante interrogatório no STF – Foto: Gustavo Moreno/STF

Mauro Cid relatou ainda que Bolsonaro não queria que os manifestantes deixassem as ruas após as eleições. “Ele não queria que o pessoal saísse das ruas”, afirmou, referindo-se aos acampamentos em frente aos quartéis. “A primeira hipótese era encontrar fraude nas eleições. A outra, por meio do povo radical, encontrar uma fórmula que permitisse reverter a situação.”

Ainda de acordo com Cid, em momento algum foi apresentada qualquer prova concreta de fraude nas urnas. “O que aparecia era só estatístico. Os dados eram tirados do TSE, trabalhados em computadores, para tentar achar alguma coisa que pudesse levar a uma forma [de contestação]. Mas não se conseguiu comprovar nada.”

*Com informações do R7.

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