Por que a Aura Minerals quer listar na Nasdaq

A Aura Minerals anunciou na semana passada que pretende fazer uma oferta para listar suas ações na Nasdaq — buscando aumentar a liquidez do papel e o múltiplo da ação, que hoje negocia com um desconto relevante em relação a seus peers.

A Aura já é listada na Bolsa de Toronto, onde vale cerca de US$ 1,8 bilhão, e tem BDRs negociados no Brasil. 

Com a oferta, ela manteria a listagem em Toronto, mas a expectativa é que boa parte do float migre para a Nasdaq. (O BDR, que hoje é lastreado na ação canadense, passaria a ter como lastro a ação listada nos EUA). 

Em tese, a Aura também poderia aumentar a liquidez fazendo uma oferta na Bolsa de Toronto, “mas o mercado americano é muito mais profundo que o canadense,” disse uma fonte a par dos planos da empresa. “E se você olhar os últimos 10-20 anos, o Canadá deixou de ser um hub de mineração como já foi no passado. Poucas empresas listaram lá e muitas das mineradoras que estavam lá migraram para os EUA.”

Alguns exemplos são a Equinox, que migrou sua listagem principal para os EUA em 2019, e a Yamana Gold, que fez esse movimento em 2007. (Em 2020, a Yamana também listou suas ações na Bolsa de Londres). 

Com a listagem na Nasdaq, a Aura espera aumentar significativamente sua liquidez. Nos últimos 60 dias, a companhia negociou uma média diária de cerca de US$ 4 milhões, e a expectativa dos bancos do sindicato é que este volume suba para pelo menos US$ 15 milhões. 

O float é hoje de 35% do capital, e também deve aumentar com a oferta. 

O tamanho desse aumento, no entanto, vai depender do volume captado, e de se a oferta será só primária ou também secundária. 

Segundo a fonte, a companhia está almejando algo em torno de US$ 300 milhões, mas o montante final vai depender da demanda do mercado. Neste momento, os bancos estão em ‘pilot fishing’, e o roadshow com os investidores só deve começar em duas ou três semanas. 

A baixa liquidez do papel tem afastado grandes gestoras e feito com que a ação negocie a um desconto relevante em relação a seus peers. O papel da Aura negocia hoje a 40% do net asset value (NAV), enquanto a média do setor é de 90%.

A leitura dos bancos é que com a listagem nos EUA esse múltiplo poderia subir para cerca de 70%, em linha com outras junior companies

Os recursos da primária devem ajudar a Aura a bancar três projetos relevantes no pipeline

Semana passada, ela anunciou a compra da Mineração Serra Grande, que pertencia à AngloGold, numa transação de US$ 76 milhões. Há ainda um capex adicional estimado em US$ 20 a US$ 30 milhões para deixar a mina no padrão da companhia. 

Outros dois projetos que devem demandar um capex relevante são a mina de Matupá, no Mato Grosso, onde já foi comprovada a existência de ouro mas ainda é preciso fazer os investimentos de engenharia e execução; e a mina Era Dorada, em Jutiapa, na Guatemala.

A oferta vem num momento em que o ouro negocia em seu high histórico, perto de US$ 3.300. Há um ano e meio, o preço estava ao redor de US$ 2.000.

A alta teve dois motivos principais. O primeiro foi o confisco dos dólares da Rússia por conta da guerra na Ucrânia, o que fez com que a China e outros países aumentassem muito suas reservas em ouro. O segundo é o crescimento do endividamento dos EUA, que está subindo para níveis preocupantes que colocam em risco a posição do dólar como a principal moeda de reserva do mundo (favorecendo o ouro). 

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