S&P 500 beira um novo recorde: nada segura a Bolsa americana?

Depois de solavancos, freadas e capotagens, o S&P 500 está novamente perto do all-time high.

No fechamento de hoje, o índice ficou menos de 2% abaixo do recorde de 6.144,15 pontos atingido em 19 de fevereiro. (Foi só quatro meses atrás, mas parece uma eternidade.)

O S&P chegou a cair quase 20% entre esse pico de fevereiro e o início de abril, reagindo à incerteza dos aumentos tarifários – mas fatores de curto e médio prazo estão impulsionando uma retomada.

Os investidores colocaram no preço a possibilidade de um patamar de tarifas mais razoável do que o anunciado em abril depois do recuo da Casa Branca em alguns pontos e da abertura de diálogo com diferentes países.

Além disso, o mercado de trabalho americano se mostrou mais resiliente que o esperado. O total de vagas abertas em maio caiu (139 mil x 147 mil em abril), mas ficou acima das projeções do mercado. O desemprego continua baixo, em 4,2%, e a inflação está controlada.

Olhando para o médio prazo, e apesar de toda a incerteza, a inteligência artificial continua sendo uma tese dominante, e não dá para investir nisso longe da Bolsa americana, que reúne as gigantes do setor.

O HSBC resumiu esse sentimento de maior otimismo com o mercado dos EUA. Max Kettner, o estrategista-chefe do banco, recomendou hoje que os clientes aproveitem eventuais quedas das ações em razão das expectativas de resultados do segundo trimestre para comprar.

Os riscos, porém, assustam.

Uma dúvida é como a economia americana vai se comportar sem os estímulos fiscais que sustentaram o crescimento no pós-pandemia. Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, disse esta semana que os números “devem começar a piorar em breve”.

Outro risco é o de uma deterioração do cenário externo – por tarifas ou conflitos. Mesmo que nada drástico aconteça, e ainda que o Governo Trump tenha se mostrado mais disposto a negociar, as regras que vão reger o comércio internacional daqui para a frente não estão claras – o que significa que é cedo para cravar o impacto que esse rearranjo global terá no resultado das empresas e, portanto, no preço das ações (que, perto do recorde histórico, não estão baratas).

Um indicador de que os investidores não estão tão confiantes assim é a disparada do preço do ouro – que também está perto das máximas, numa combinação rara de se ver.

Geralmente o ouro se valoriza quando os investidores se desfazem de ativos de risco, como ações, atrás de proteção em ativos reais. Agora, já que ninguém sabe o que esperar, muitos acham que é melhor ter os dois.

Também contribui para a alta do metal o fato de diversos bancos centrais estarem trocando suas reservas em dólares por investimentos em ouro – em meio a dúvidas sobre o futuro institucional dos EUA.

The post S&P 500 beira um novo recorde: nada segura a Bolsa americana? appeared first on Brazil Journal.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.