Como fica a relação entre China e EUA após a vitória de Trump?

A vitória de Donald Trump reacende questões cruciais sobre a relação comercial entre os Estados Unidos e a China. De acordo com Marcus Vinicius de Freitas, professor de relações internacionais, Beijing enxerga em Trump uma postura mais transacional, voltada para acordos pragmáticos e menos carregada de ideologias quando comparada à abordagem do Partido Democrata.

Os chineses acreditam que Trump, uma vez atingido seus objetivos econômicos e políticos, tende a se satisfazer sem prolongar disputas desnecessárias. Isso oferece uma percepção de que a relação entre os países pode se manter em um nível mais previsível, com foco em negociações ganha-ganha.

No entanto, é importante ressaltar que, embora a retórica protecionista de Trump continue a existir, grandes empresas americanas não demonstram interesse em abandonar o mercado chinês, que conta com 1,4 bilhão de consumidores.

Tecnologia: o ponto de maior tensão

O setor tecnológico permanece como a principal preocupação dos Estados Unidos nas relações com a China. O professor Marcus Vinicius de Freitas destaca que Washington, mesmo sem ter desenvolvido internamente algumas tecnologias como o 5G, manteve uma postura agressiva para conter o avanço chinês. Essa tendência se mantém no caso dos chips, em que os EUA tentam proteger sua vantagem competitiva e impedir a ascensão da China como líder em inovações industriais e na chamada quarta revolução industrial.

A estratégia de pressão e os limites do poderio americano

Freitas aponta que a política externa de Trump deve continuar a ser agressiva e pragmática, com possíveis medidas para pressionar outros países a se alinharem à postura americana em relação à China. No entanto, os desafios econômicos internos dos Estados Unidos e a capacidade limitada de influenciar parceiros por meio de investimentos ou empréstimos dificultam essa abordagem. A utilização de sanções, embargos tecnológicos e uma retórica de dominação intelectual ainda será uma ferramenta nos esforços de contenção à China.

Por outro lado, a China, que busca se consolidar como uma alternativa de liderança global, deve manter uma postura firme, mas retaliatória apenas quando necessário. Freitas destaca que Beijing não tem interesse em escalar tensões a um nível de conflito armado, especialmente no que diz respeito a Taiwan. A prioridade é manter a política de “Uma China”, evitando provocações que possam ameaçar essa premissa central.

Impacto nas políticas futuras e multilateralismo

A vitória de Trump pode levar a uma redução do papel dos Estados Unidos no cenário global, algo que a China pretende explorar. A política externa americana mais isolacionista abre espaço para Beijing expandir seu discurso de “destino compartilhado” e aumentar sua influência em fóruns internacionais. A expectativa é que, ao se retrair, os Estados Unidos vejam a China avançar como uma potência que oferece alternativas de liderança e parcerias estratégicas.

Um cenário de tensão e pragmatismo

Embora as tensões entre as duas potências devam continuar, Freitas acredita que a administração Trump manterá uma abordagem prática e transacional. A relação, marcada por altos e baixos, deve seguir como um jogo de equilíbrio entre interesses comerciais, tecnologia e política internacional, em um contexto que não interessa a nenhuma das partes uma escalada para um confronto direto.

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