Liberalismo no Brasil: desafios, insegurança jurídica e reformas

Liberalismo no Brasil: desafios, insegurança jurídica e reformas

O presidente do Instituto Millenium, Sebastião Ventura, destacou que o liberalismo no Brasil enfrenta resistência histórica devido ao patrimonialismo estatal. Segundo ele, o país ainda vive sob influência significativa do Estado na economia, o que impede o desenvolvimento de um capitalismo genuíno. “O Brasil gasta mais do que arrecada. Prosperidade exige responsabilidade fiscal e livre mercado”, afirmou Ventura.

Ele ressaltou que a democracia é um processo contínuo de avanços e retrocessos, mas acredita que o liberalismo tem ganhado espaço ao longo do tempo. “O maior programa social que existe é o emprego, e não há emprego sem empresa”, completou.

Empresários no Brasil: falta de reconhecimento cultural

Para Urbano Vitalino Neto, presidente de um dos maiores escritórios de advocacia do Nordeste, a visão negativa do empresário brasileiro é um problema cultural. Ele comparou a realidade do Brasil com a dos Estados Unidos, onde empresários bem-sucedidos são reconhecidos. “Aqui, o empresário é retratado como alguém desonesto, enquanto nos Estados Unidos ele é aplaudido”, disse Urbano.

Urbano também observou que, há 20 anos, o debate sobre liberalismo não existia no Brasil, mas isso tem mudado. “Somos uma democracia jovem, ainda aprendendo a lidar com diferenças”, afirmou.

Insegurança jurídica: barreira para investimentos no Brasil

O CEO da JLL, Fábio Maceira, abordou os entraves impostos pela insegurança jurídica no Brasil, especialmente no mercado imobiliário. Ele destacou a complexidade regulatória e as frequentes disputas judiciais, que afugentam investidores estrangeiros. “No Brasil, tudo é questionado. Isso gera incerteza e afasta quem quer investir”, afirmou.

Urbano complementou essa questão ao criticar o ativismo judicial, que muitas vezes substitui o papel do Legislativo. “O judiciário brasileiro se sente à vontade para legislar, o que traz desconforto, especialmente para investidores estrangeiros”, explicou.

Reforma tributária: mudanças e impactos econômicos

Os entrevistados manifestaram preocupações em relação à reforma tributária em andamento. Urbano enfatizou que o aumento da carga tributária e as mudanças nos impostos municipais devem impactar fortemente setores como serviços e imobiliário. “Muitas empresas já estão reavaliando suas estratégias por conta das alterações”, disse.

Sebastião Ventura destacou que a criação de exceções dentro da reforma complicou ainda mais o debate. “Isso interfere diretamente em acordos anteriores entre empresas, municípios e estados, criando um cenário de insegurança jurídica”, afirmou.

Direita no Brasil: crescimento sem unidade ideológica

O ressurgimento da direita no Brasil também foi discutido. Ventura explicou que o movimento mistura diferentes correntes, como conservadorismo, mensagens religiosas e defesa do livre mercado. “Muitos que se dizem liberais passaram a vida inteira ligados ao serviço público estatal”, observou.

Ele acrescentou que a insatisfação popular com a política tradicional abre espaço para discursos de antipolítica. “O país precisa amadurecer democraticamente e encontrar um caminho claro de desenvolvimento”, concluiu.

O papel da cultura jurídica brasileira na crise atual

Os entrevistados destacaram que a complexidade das leis brasileiras e a falta de clareza nos textos legais contribuem para a insegurança jurídica. Urbano defendeu que o Congresso precisa priorizar a técnica jurídica em vez de soluções temporárias. “A insegurança começa no Congresso e se estende ao Judiciário”, afirmou.

Fábio Maceira complementou que a criação de regras excessivas, muitas vezes, não resulta em sua aplicação efetiva. “No Brasil, temos a cultura de criar regras, mas nem sempre de segui-las”, destacou.

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