Como o Brasil se posiciona na guerra global de tarifas?

A recente escalada das tensões no cenário internacional reacendeu o debate sobre a real capacidade do Brasil de resistir a choques externos. Em entrevista ao programa BM&C News, Arilton Teixeira, economista-chefe da Apex Partners, avaliou que as reservas internacionais brasileiras, apesar de parecerem robustas, estão longe de serem uma garantia de proteção.

“O presidente Lula fala em colchão de 350 bilhões de dólares, mas essas reservas são boas enquanto não precisam ser usadas”, alertou Teixeira. Ele lembrou que em dezembro, durante episódios de pressão cambial, o Banco Central utilizou cerca de 10% dessas reservas em poucos dias para conter a volatilidade do real.

Fundamentos macroeconômicos e a exposição do Brasil

Segundo Teixeira, o problema central vai além das reservas. O que realmente garantiria maior proteção seria a solidez dos fundamentos macroeconômicos do país, algo que, na sua visão, o Brasil ainda não conquistou.

“Países emergentes sofrem em choques como esse, e os que têm fragilidades macroeconômicas, como o Brasil, sofrem ainda mais”, disse o economista. Ele destacou que o déficit fiscal elevado e o crescimento da dívida pública tornam o país mais vulnerável em momentos de instabilidade global.

Teixeira alertou que, se o atual choque global tivesse ocorrido no fim do ano passado, o Brasil teria enfrentado uma pressão ainda mais intensa sobre sua moeda e economia.

Déficit fiscal crescente acende sinal de alerta

O economista enfatizou a necessidade urgente de controle das contas públicas para evitar maiores danos. “O que nós precisamos é controlar o déficit primário, reduzir o déficit nominal e, com isso, diminuir a relação dívida/PIB”, afirmou.

Ele defendeu que apenas com disciplina fiscal será possível garantir que as reservas cambiais permaneçam como um instrumento de tranquilidade, sem a necessidade de utilização emergencial.

Para Arilton Teixeira, o discurso otimista do governo precisa ser acompanhado por ações concretas de ajuste fiscal. “Só assim as reservas serão realmente suficientes para garantir estabilidade”, concluiu.

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