O que é o “tarifaço” do Trump e por que ele está mexendo com a economia global?

Nos últimos meses, o termo “tarifaço” tem aparecido com frequência quando o assunto é Donald Trump e sua política econômica. Mas, afinal, o que isso significa? Em linhas gerais, estamos falando de uma série de tarifas (impostos cobrados sobre produtos importados) que o presidente dos Estados Unidos vem impondo a países como China, México, Canadá e até aliados como o Reino Unido.

A mais impactante delas é a tarifa de 125% sobre bens chineses, que desencadeou uma resposta de Pequim com um imposto de 84% sobre produtos americanos. O objetivo de Trump com essas medidas? Proteger a economia americana, incentivar a produção local e reduzir o déficit comercial. Mas, como tudo na vida, há um outro lado da moeda: o mundo está sentindo o impacto, e os consumidores podem acabar pagando a conta.

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Tarifas: o que são e como funcionam?

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Imagine que um cidadão americano vai comprar um celular importado da China que custa 100 dólares. Com uma tarifa de 125%, como a que Trump aplicou, o governo americano cobra mais 125 dólares de imposto só por ele entrar no país. Resultado? O preço final pula para 225 dólares.

Esse valor extra é pago pelas empresas que importam o produto, que podem decidir repassar o aumento de forma total ou parcialmente para esse consumidor. Isso também acontece com peças de produtos, mesmo que eles sejam montados nos Estados Unidos. Ou seja, a empresa que vai montar o produto paga mais pela peça e isso acaba refletindo no preço final dele para o consumidor.

Na prática, as tarifas encarecem os produtos estrangeiros, e isso os deixam menos competitivos em comparação com os fabricados localmente. O dinheiro arrecadado vai para os cofres do governo, mas o efeito cascata pode atingir desde as prateleiras das lojas até o bolso das famílias.

Por que Trump está apostando nisso?

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Trump sempre foi um defensor ferrenho das tarifas. Desde a campanha, ele martela a ideia de que os Estados Unidos foram “explorados” por outros países, especialmente por “trapaceiros” que, segundo ele, inundam o mercado americano com produtos baratos enquanto compram pouco do que os EUA produzem.

O déficit comercial com a China, por exemplo, é um ponto sensível: em 2024, os EUA importaram 440 bilhões de dólares em produtos chineses, mas exportaram apenas 145 bilhões. Para Trump, as tarifas são uma forma de equilibrar essa balança, forçando os americanos a comprar mais de casa e trazendo investimentos e empregos de volta ao país.

Além disso, ele também usa as tarifas como moeda de troca em negociações internacionais. Recentemente, por exemplo, anunciou medidas contra México e Canadá, exigindo que eles façam mais para conter a imigração ilegal e o tráfico de drogas rumo aos EUA. É uma estratégia que mistura economia com política externa, mas que nem todos aplaudem já que até mesmo dentro do próprio Partido Republicano há quem critique o plano.

O que já foi anunciado até o momento?

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Desde que assumiu o cargo em janeiro de 2025, Trump não perdeu tempo. Logo em fevereiro, anunciou tarifas de 25% sobre aço e alumínio importados e uma taxa extra de 10% sobre produtos chineses. Em março, subiu a tarifa contra a China para 20%, e, em abril, jogou a bomba: 125% sobre tudo que vem de lá, enquanto aplicou uma tarifa “base” de 10% sobre importações de praticamente todos os outros países. Houve uma pausa de 90 dias para a maioria dessas nações, exceto a China, mas o recado foi dado: Trump quer mudar as regras do jogo.

A China, claro, não ficou quieta e respondeu com seus 84% sobre produtos americanos. Outros países, como a União Europeia, decidiram segurar suas retaliações por enquanto, aproveitando a trégua de 90 dias para negociar. Enquanto isso, exceções e adiamentos foram aparecendo, como isenções temporárias para montadoras no Canadá e no México, mostrando que o plano de Trump é firme, mas ajustável.

Qual o impacto desse tarifaço?

tarifaço

Para os americanos, a resposta mais imediata pode vir na forma de preços mais altos. De roupas a eletrônicos, passando por café e carros, tudo que depende de peças ou produtos importados tende a ficar mais caro. Um exemplo prático: um carro montado com componentes do México e do Canadá pode subir entre 4 mil e 10 mil dólares, segundo analistas. Isso acontece porque as cadeias de produção são globais. Um pistão de carro, por exemplo, pode cruzar fronteiras várias vezes antes de chegar ao veículo final.

No cenário global, os mercados financeiros já sentiram o baque. As bolsas despencaram com os primeiros anúncios, refletindo o medo de que custos maiores derrubem os lucros das empresas. Mas, quando Trump deu a pausa de 90 dias, houve uma recuperação, mostrando como o humor dos investidores oscila com cada nova decisão.

Faz sentido essa estratégia?

Para Trump, sim. Ele acredita que as tarifas vão reacender a indústria americana e trazer de volta a era de ouro do “Made in USA”. Mas os críticos, economistas, opositores e até aliados, alertam que o tiro pode sair pela culatra. Preços mais altos corroem o poder de compra, e os outros países podem retaliar com tarifas, inflando os custos para todos. Além disso, a interdependência das economias modernas torna difícil isolar os efeitos: mesmo produtos “americanos” muitas vezes dependem de peças importadas.

O “tarifaço” de Trump é, sem dúvida, uma aposta ousada. Se vai funcionar como ele promete, revitalizando a economia dos EUA, ou se vai apenas encarecer a vida e tumultuar o comércio global, só o tempo dirá. Por enquanto, o mundo assiste e calcula os impactos de cada novo anúncio.

Fonte: BBC

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