Israel bloqueia entrada de ajuda humanitária em Gaza

Unos palestinos inspeccionan los daños en unos edificios golpeados por los bombardeos nocturnos israelíes en el distrito de Nazla, en el suroeste de Jabaliya, ubicada en el norte de la Franja de Gaza, el 16 de abril de 2025Bashar TALEB

Bashar Taleb

Israel afirmou, nesta quarta-feira (16), que continuará bloqueando a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, onde sua ofensiva militar transformou o território palestino em uma “vala comum”, segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Israel bloqueia a entrada de ajuda humanitária desde 2 de março no território palestino, onde a ONU alerta para uma situação alarmante entre os 2,4 milhões de habitantes após 18 meses de guerra entre o Exército israelense e o movimento islamista Hamas.

“Em Gaza não entrará nenhuma ajuda humanitária. E bloquear esta ajuda é uma das principais alavancas de pressão para impedir que o Hamas a utilize como uma ferramenta com a população”, disse o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, nesta quarta-feira.

O Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU alertou na segunda-feira que a situação humanitária na Faixa de Gaza era talvez “a pior” desde o início da guerra em 7 de outubro de 2023.

O estreito território sofre escassez de alimentos, água, combustível e outros produtos essenciais, segundo as organizações humanitárias.

Israel acusa o Hamas de desviar a ajuda humanitária e assumir a distribuição há meses, o que o movimento nega.

A pedido da ONU, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) realizará várias audiências a partir de 28 de abril sobre as obrigações humanitárias de Israel com os palestinos.

Embora suas decisões sejam juridicamente vinculantes, o tribunal não tem meios práticos para aplicá-las.

– “Vala comum” –

“Gaza virou uma vala comum para os palestinos e aqueles que comparecem em seu auxílio”, denunciou nesta quarta-feira a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Centenas de milhares de habitantes de Gaza foram forçados a se mudar novamente, após a retomada das operações militares israelenses no território em 18 de março, depois de uma trégua de dois meses, para forçar o Hamas a libertar todos os reféns.

“Assistimos em tempo real à destruição e ao deslocamento forçado de toda a população de Gaza”, declarou Amande Bazerolle, coordenadora de emergências da MSF em Gaza.

A guerra eclodiu depois que o Hamas atacou o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando 1.218 pessoas do lado israelense, a maioria civis, de acordo com os números oficiais.

Dos 251 sequestrados naquele dia, 58 ainda estão presos em Gaza, dos quais 34 estão mortos, de acordo com o Exército israelense.

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, disse nesta quarta-feira que pelo menos 1.652 palestinos morreram desde 18 de março, elevando para 51.025 o número de mortes desde o início das represálias israelenses.

– Nova trégua? –

A Defesa Civil Palestina anunciou nesta quarta-feira que o último bombardeio israelense havia deixado 11 mortos, incluindo mulheres e crianças.

“Nossas equipes transferiram 10 mártires e vários feridos, incluindo várias crianças e mulheres, ao hospital Al Shifa na Cidade de Gaza”, disse à AFP o porta-voz da organização de emergência, Mahmud Bassal.

“Aceitamos a fome, perder tudo, as privações, a perda de nosso pai, nossa mãe, nossos parentes, mas qual é a culpa destas crianças?”, lamenta Suhair, uma mulher que perdeu sua irmã em um bombardeio.

Os esforços para restaurar o cessar-fogo parecem ter sido em vão até o momento.

O Hamas, que assumiu o poder em Gaza em 2007 e é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, está atualmente analisando uma proposta israelense para uma trégua temporária, encaminhada por mediadores egípcios.

De acordo com uma autoridade de alto escalão do movimento, Israel exige o retorno de 10 reféns vivos em troca de uma trégua de “pelo menos 45 dias”, a libertação de 1.231 prisioneiros palestinos mantidos por Israel e uma autorização para acesso humanitário à Gaza.

Até o momento, Israel não se manifestou sobre a questão.

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