Internet 10G na China: O Futuro das Telecomunicações ou Mais um Projeto Utópico?

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É interessante – e lamentável – como a nossa sociedade vive em um contexto de desigualdades. Neste momento, milhões de pessoas no Brasil não têm acesso à Internet básica. Falar em tecnologia 5G ainda parece algo de outro mundo para o nosso mercado. Enquanto isso, lá na China, os cientistas estão anunciando o lançamento da primeira rede de banda larga 10G do mundo, com velocidades de até 10 GB por segundo (Gbps). E você sabe o que isso significa? Bem, é o que vamos esclarecer no artigo a seguir, do Engenharia 360. Confira!

O anúncio da China com relação à Internet 10G

Recentemente, a China anunciou para a imprensa internacional o lançamento da sua primeira rede de banda larga 10G localizada na cidade futurista de Xiong’an, próxima a Pequim. O projeto teria apoio da empresa Huawei e da China Unicom. Mas o que tem isso tem de tão extraordinário? Bom, esse sistema é muito mais voltado para conexões físicas, ou seja, para Internet residencial e empresarial. Seria possível, por exemplo, baixar um filme em qualidade 4K em poucos segundos. Pode imaginar que incrível?!

Segundo os especialistas chineses, a tecnologia utilizada será a 50G-PON, que oferece alta capacidade de transmissão de dados e baixa latência – considerada pelos cientistas como ideal para aplicações futuras de realidade virtual, realidade aumentada e até veículos autônomos. Mas será que isso é verdade mesmo?

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Cidade de Xiong’an | Imagem de Charlie fong em Wikipédia – httpses.wikipedia.orgwikiArchivoXiongancitizenservicecenter201910.jpg

A promessa da Internet 10G como estratégia de Marketing

Antes de tudo, vale dizer que o empreendimento bilionário da construção da cidade de Xiong’an vem enfrentando desafios para atrair moradores. Justamente por isso, tem gente colocando dúvida nessa história de adoção da tecnologia 10G no local. Em contrapartida, isso também poderia ser uma estratégia da China de modernizar a sua infraestrutura digital e assumir a liderança global em inovação tecnológica. Vai saber! 

Fato é que a nova cidade deveria ser, sim, um polo tecnológico, mas não tem recebido muita atenção. A maioria das redes de cabo atual no país é DOCSIS 3.1, que não suportaria o 10G de jeito nenhum. Como dissemos antes, seria necessário um grande investimento para a implantação do 50G-PON, permitindo velocidades simétricas (upload e download igualmente rápidos). Mas da China podemos esperar tudo, não é mesmo? O país já está à frente dos Estados Unidos e da Europa quando se trata de soluções similares.

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Imagem gerada em IA de Google Gemini

A evolução das redes de Internet do 1G para o 6G

A saber, as gerações de redes de Internet são classificadas pela letra “G”, já o número que acompanha significa a evolução tecnológica.

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1G

O 1G representa a ‘Era Analógica’ da década de 1980, onde através das redes móveis só se podia fazer chamadas de voz. Naquele tempo, eram utilizados padrões diferentes em cada país (AMPS, NMT, TACS).

2G

A partir do ano de 1991, passamos a conhecer a Internet 2G, esse foi nascimento do digital. Já era possível realizar múltiplas chamadas simultâneas e encaminhar mensagens de texto. Geralmente, a velocidade máxima era de 96 Kbps. Na mesma década, foi introduzido o padrão GSM, que ampliou a compatibilidade global. Também testemunhamos melhorias intermediárias como o GPRS (2,5G) e EDGE (2,75G), chegando a 384 Kbps.

3G

Finalmente, em 2001, veio o 3G, que se consolidou como o acesso à Internet móvel, com velocidades iniciais de 2 Mbps, chegando posteriormente a 42 Mbps com HSPA+. Tudo isso facilitou demais a navegação, principalmente o acesso às redes sociais e e-mails em dispositivos móveis.

4G

Mais recentemente, em 2010, muitas operadoras passaram a utilizar o padrão LTE Advanced para aumentar a velocidade oferecida (até 300 Mbps) e estabilidade. Foram até introduzidas tecnologias como carrier aggregation para ampliar a capacidade de dados simultâneos. A partir disso, ficou muito mais fácil acessar conteúdos de streaming em HD, jogos online e videoconferências com qualidade.

5G

A tecnologia 5G é a que está atualmente em implantação. Ela oferece maior velocidade, que pode chegar a 10 Gbps em condições ideais, e reduz drasticamente a latência (1ms ou menos). A maior vantagem disso tudo é que permite uma conexão mais fácil de dispositivos, incluindo para soluções de Internet das coisas (IoT), automação industrial e casas inteligentes.

6G

Para concluir, devemos falar do 6G, ainda em desenvolvimento, com foco em conexões ultra rápidas para máquinas, realidade estendida e serviços mais integrados por satélites e IA. O mesmo está previsto para chegar por volta de 2028, com velocidades estimadas de até 1.000 Gbps. Inclusive, neste momento, empresas como a Nokia e a Samsung investem em pesquisas e testes para sua implementação.

10G

Chegamos finalmente ao 10G! Talvez essa tecnologia nem devesse estar nesta lista, pois não é considerada uma evolução das redes móveis como 5G e 6G. Na verdade, ela estaria focada especialmente em redes via cabo coaxial (que limitam bastante as velocidades, especialmente de upload) versus fibra óptica (que permitem velocidades simétricas entre downloads e uploads). Então, o termo 10G é mais para explicar que se poderia alcançar com velocidades de até 10 Gbps em conexões.

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Imagem gerada em IA de Google Gemini

Aliás, o avanço para o 10G dependeria da atualização do protocolo DOCSIS para a versão 4.0; em tese, as operadoras poderiam aproveitar a base já instalada de cabos coaxiais. Mas tudo isso está apenas no campo da especulação, não se sabe muito bem se é possível. A China estaria, portanto, apenas antecipando e promovendo essa evolução tecnológica para tentar vender um empreendimento imobiliário e evitar ter mais uma “cidade fantasma”.

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Imagem gerada em IA de Google Gemini

As perspectivas para o futuro das telecomunicações

Já podemos adiantar o que pode acontecer de imediato no setor de Telecomunicações. As empresas estão neste momento trabalhando com o avanço do 5G e o desenvolvimento do 6G, esperando que as velocidades de conexão ultrapassem facilmente os gigabytes por segundo, permitindo aplicações em tempo real, como cirurgias remotas, carros autônomos e experiências imersivas em realidade virtual e aumentada. Existe também a necessidade da indústria em acelerar a conectividade massiva, conectando bilhões de dispositivos em casa, cidades, fábricas e até no campo.

É claro que, antes de sonharmos com 10G, precisamos solucionar o desafio de levar Internet de qualidade para populações sem acesso. Se quisermos chegar ao nível de cidades inteligentes e sustentáveis, alto desenvolvimento urbano e econômico, precisamos contar não apenas com a tecnologia, mas também com políticas públicas e investimentos sociais que possam acabar com a desigualdade digital.

Veja Também: Brasil a um Passo do 5.5G: A Nova Revolução da Internet


Fontes: CanalTech, TecMundo, Olhar Digital.

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